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14/04/2021

O pós-neoliberalismo de Biden e a Nomadland de Trump

Dos filmes concorrentes ao Oscar, nenhum me chamou tanta atenção como Nomadland. O longa de Chloé Zhao apresenta o périplo da protagonista (estrelada por Frances Mcdormand) ao longo das estradas americanas onde trabalha em diferentes empregos, quase sempre temporários. Assim o filme reconstrói o imaginário coletivo das highways, antes símbolos da vida moderna por onde trafegavam os automóveis da indústria nacional, tanto quanto da middle class outrora empregada nessas mesmas indústrias e agora submetida a empregos precários. Em lugar da romantização da paisagem própria aos filmes de western ou road movies, acompanhamos os encontros e desencontros da personagem com vários americanos na mesma situação, muito dos quais perderam suas casas na crise de 2008 e vivem em trailers como nômades. Muito dos quais, melhor dizendo, americanos do centro-oeste e das regiões assoladas pelo fechamento da velha indústria norte-americana que abandonaram o Partido Democrata e elegeram Donald Trump em 2016.

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Quatro anos depois, Trump seria derrotado numa eleição tornada plebiscito sobre a sua condução na pandemia. O trumpismo, no entanto, reiterou sua força em quase 75 milhões de votos. Já o ex-presidente não perdeu tempo e anunciou sua candidatura nas eleições presidenciais de 2024. O que Joe Biden tem feito para construir um governo não apenas menos ruim que o anterior, e sim radical a ponto de arrancar as raízes do trumpismo?

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Quatro anos depois, Trump seria derrotado numa eleição tornada plebiscito sobre a sua condução na pandemia. O trumpismo, no entanto, reiterou sua força em quase 75 milhões de votos. Já o ex-presidente não perdeu tempo e anunciou sua candidatura nas eleições presidenciais de 2024. O que Joe Biden tem feito para construir um governo não apenas menos ruim que o anterior, e sim radical a ponto de arrancar as raízes do trumpismo?

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Como primeiro objetivo, o governo Biden espera derrotar a pandemia o mais rápido possível para que o sucesso engendre a renovação da maioria democrata na eleição parlamentar do próximo ano. Para isso, o principal instrumento de Biden é o chamado Covid Relief Plan, um megapacote econômico de quase $2 trilhões que combina o investimento em vacinas com a distribuição de cheques para as famílias de baixa renda — como as várias que assistimos em Nomadland — assegurando que essas se protejam do vírus, assim como recuperem o poder de consumo para a reabertura do comércio. O pacote é bem mais robusto que o proposto pelo ex-presidente Barack Obama logo após a crise de 2008 e cujos más resultados levaram ao fracasso dos democratas na midterms de 2010. “Neste estágio inicial, Joe Biden mostrou um senso de propósito mais claro do que talvez qualquer um desde Ronald Reagan”, escreveu a The Economist.

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